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29/11/2022

Dois litros? Oito copos? Afinal, quanta água precisamos beber por dia?

Realizado a partir de uma análise de dados de milhares de indivíduos, a pesquisa revela que existe uma ampla variação na quantidade de água que as pessoas consomem em todo o mundo e ao longo de suas vidas, e essa ingestão diária recomendada, muitas vezes, pode até ser muito alta. “A ciência nunca apoiou a velha história dos oito copos como uma diretriz apropriada, mesmo porque confunde a rotatividade total da água. Muito da água consumida pelas pessoas vem dos alimentos que comem”, diz Dale Schoeller, professor de ciências nutricionais da Universidade de Wisconsin-Madison e autor do estudo. “Este trabalho é o melhor que fizemos até agora para medir quanta água as pessoas realmente consomem diariamente, sua rotatividade para dentro e para fora do corpo e os principais fatores que impulsionam esse movimento”.

Isso não quer dizer, porém, que esses resultados se estabeleçam como uma nova diretriz. O estudo, publicado na revista Science, mediu o volume de água de mais de 5.600 pessoas de 26 países, com idades entre 8 dias e 96 anos, e encontrou médias diárias entre 1 e 6 litros por dia. “Também existem aqueles que consomem até 10 litros por dia. Essa grande variação significa que não dá para apontar uma média”, afirma Schoeller. Como estudos anteriores dependiam em grande parte de voluntários para auto relatar seu consumo de água e alimentos, poderiam apresentar resultados questionáveis para a maioria das pessoas. A nova pesquisa, no entanto, mediu objetivamente o tempo que a água levou para se mover pelos corpos dos participantes, seguindo a rotatividade da “água rotulada”. Ou seja, beberam uma determinada quantidade de água, contendo isótopos rastreáveis de hidrogênio e oxigênio. “Se você medir a taxa de eliminação desses isótopos estáveis através da urina ao longo de uma semana, o de hidrogênio pode dizer quanta água está sendo substituída e o de oxigênio pode dizer quantas calorias estão sendo queimadas”, explica Schoeller, cujo laboratório UW-Madison na década de 1980 foi o primeiro a aplicar o método de água rotulada para estudar pessoas. Mais de 90 pesquisadores estiveram envolvidos no estudo, liderado por um grupo que inclui ainda o pesquisador Yosuke Yamada, chefe de seção do Instituto Nacional de Inovação Biomédica, Saúde e Nutrição, no Japão; e John Speakman, professor de zoologia da Universidade de Aberdeen, na Escócia. Eles coletaram e analisaram dados dos participantes, comparando fatores ambientais – como temperatura, umidade e altitude das cidades onde moram – com o volume de água medido, gasto de energia, massa corporal, sexo, idade e condicionamento físico. Também levaram em conta o Índice de Desenvolvimento Humano, medida que combina expectativa de vida, escolaridade e fatores econômicos.

O volume de renovação da água atingiu o pico para os homens durante os 20 anos, enquanto para as mulheres mantiveram um platô dos 20 aos 55 anos de idade. Os recém-nascidos, no entanto, precisavam de uma maior proporção diária, repondo cerca de 28% da água em seus corpos. Ainda segundo a pesquisa, homens e mulheres diferem em cerca de meio litro de volume de água. “Isso representa a combinação de vários fatores”, diz Schoeller. “Pessoas em países com IDH baixo, por exemplo, têm maior probabilidade de viver em áreas com temperaturas mais altas, são mais propensas a realizar trabalho braçal e menos propensas a ficar dentro de um edifício climatizado durante o dia. Ou seja, além de ter menos probabilidade de ter acesso a um gole de água limpa sempre que precisar, aumenta a rotatividade de água”. Schoeller explica que as novas medições irão melhorar a capacidade de prever necessidades futuras mais específicas e precisas de água, especialmente em circunstâncias como a seca. “Quanto melhor entendermos o quanto as pessoas precisam de água, mais preparados estaremos para responder a uma emergência”, afirma o pesquisador. Yamada concorda: “Determinar quanta água os humanos consomem é de muita importância por causa do crescimento populacional e das crescentes mudanças climáticas”, diz o pesquisador. “Como a renovação da água está relacionada a outros indicadores de saúde, como atividade física e percentual de gordura corporal, ela tem potencial como biomarcador para a saúde metabólica”. O estudo e o acesso aos dados foram financiados por agências em todo o mundo, incluindo a Agência Internacional de Energia Atômica, a National Science Foundation e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e a Academia Chinesa de Ciências.

Fonte: Leia mais em: https://veja.abril.com.br/saude/dois-litros-oito-copos-afinal-quanta-agua-precisamos-beber-por-dia/